terça-feira, 15 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
A hóspede
Não precisas bater quando chegares.
Toma a chave de ferro que encontrares
sobre o pilar, ao lado da cancela,
e abre com elaa porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra. Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
o cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo
pousará nos teus joelhos a cabeça.
Deixa que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram à relva e sol, na arca e nos quartos,
os linhos fartos,e cheira a lar o azeite da candeia.
Dorme. Sonha. Desperta. Da colméia
nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela
e vai. Há sol nos frutos dos pomares.
Não olhes para trás quando tomares
o caminho sonâmbulo que desce.
Caminha - e esquece.
Guilherme de Almeida(1890-1969)
Toma a chave de ferro que encontrares
sobre o pilar, ao lado da cancela,
e abre com elaa porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra. Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
o cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo
pousará nos teus joelhos a cabeça.
Deixa que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram à relva e sol, na arca e nos quartos,
os linhos fartos,e cheira a lar o azeite da candeia.
Dorme. Sonha. Desperta. Da colméia
nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela
e vai. Há sol nos frutos dos pomares.
Não olhes para trás quando tomares
o caminho sonâmbulo que desce.
Caminha - e esquece.
Guilherme de Almeida(1890-1969)
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O GRITO DE ELINEUZA
Maurício Correa
Corpo sem vida chamado a rezar
Um morto vivo roubado do lar
Sou passarinho não posso voar
Perdi as penas, não sei onde está
Teu cão de guarda detesta pensar
Inconseqüente aprendeu odiar
Sou beija-flor e não sei cheirar
Não tem perfume pra se inalar
Tronco pesado mudei de lugar
Queimo de febre num forno de ar
Rodo na estrada de tantas que há
Carro é potente mais vai devagar
Recolho o lixo que tu vai gerar
Levo mil anos pra me degradar
Bota mais peso no barco que dá
Muito cuidado que vai afundar
Tanta doença uma vai me pegar
Conheço a cura mas tem que pagar
Não tenho luxo pra me consolar
Pouco me importa carinho lhe dar
Canto cigarra meu grito e penar
Louca formiga nem vai escutar
Encho a barriga não deixo faltar
Conto as costelas vou te devorar
Me dá dinheiro pra crise passar
Não tem emprego pra te sustentar
Não tem saída vou me rebelar
Conta nos dedos quem vai te apoiar
Põe tudo abaixo pra recomeçar
Morro de medo dele não gostar
Teu companheiro planeja matar
Olho no olho quem vai me ajudar?
Um morto vivo roubado do lar
Sou passarinho não posso voar
Perdi as penas, não sei onde está
Teu cão de guarda detesta pensar
Inconseqüente aprendeu odiar
Sou beija-flor e não sei cheirar
Não tem perfume pra se inalar
Tronco pesado mudei de lugar
Queimo de febre num forno de ar
Rodo na estrada de tantas que há
Carro é potente mais vai devagar
Recolho o lixo que tu vai gerar
Levo mil anos pra me degradar
Bota mais peso no barco que dá
Muito cuidado que vai afundar
Tanta doença uma vai me pegar
Conheço a cura mas tem que pagar
Não tenho luxo pra me consolar
Pouco me importa carinho lhe dar
Canto cigarra meu grito e penar
Louca formiga nem vai escutar
Encho a barriga não deixo faltar
Conto as costelas vou te devorar
Me dá dinheiro pra crise passar
Não tem emprego pra te sustentar
Não tem saída vou me rebelar
Conta nos dedos quem vai te apoiar
Põe tudo abaixo pra recomeçar
Morro de medo dele não gostar
Teu companheiro planeja matar
Olho no olho quem vai me ajudar?
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
terça-feira, 8 de setembro de 2009
POR QUE SERÁ?
Quiercles Santana
Por detrás dos segredos e mentiras
E da ira brutal dos dissabores
Dos amores perdidos na trincheira
Na ligeira alegria dos ardores
Furta-cores de ternas esperanças
Que balança no risco do romance
O alcance que tem a poesia
Iguaria de gosto agridoce
Se não fossem os truques da paixão
Coração não sangrava quando em vez
Rapidez com que muda a sua rota
E sabota a sua própria meninez.
PORQUE SERÁ
QUE POR DETRÁS DOS RISOS E DAS LÁGRIMAS
A ALMA PERMANECE ASSIM TÃO SÓ?
Por detrás dos segredos e mentiras
E da ira brutal dos dissabores
Dos amores perdidos na trincheira
Na ligeira alegria dos ardores
Furta-cores de ternas esperanças
Que balança no risco do romance
O alcance que tem a poesia
Iguaria de gosto agridoce
Se não fossem os truques da paixão
Coração não sangrava quando em vez
Rapidez com que muda a sua rota
E sabota a sua própria meninez.
PORQUE SERÁ
QUE POR DETRÁS DOS RISOS E DAS LÁGRIMAS
A ALMA PERMANECE ASSIM TÃO SÓ?
sábado, 29 de agosto de 2009
ANDALUZIA
Quiercles Santana
Anda Luzia
Cansada
De tanto chorar
A dor:
Seu poeta
Tombado
Ferido
Sumido
Num fogo
De artilharia
O sangue
Nas botas de Lorca
Lhe deixa na boca
Um gosto ruim
E Luzia
Num só desatino
Reclama ao divino
“Devolva, cretino,
O que o destino levou... de mim!”
A Roda do tempo gira
E seu cabelo de branco fere
A gira do tempo roda
Seu rosto em marcas de intempérie.
...................................
NUNCA MAIS SE ABRIU JANELA
NUMA MAIS NOITE DE ESTRELA
NUNCA MAIS BANDEIRA
ADEUS, ADEUS, MULHER FACEIRA
TEU SORRISO ERA FOGUEIRA
NO SEIO DA ESCURIDÃO
UM TIÇÃO QUE RELUZIA
DENTRO DO MEU CORAÇÃO
Anda Luzia
Cansada
De tanto chorar
A dor:
Seu poeta
Tombado
Ferido
Sumido
Num fogo
De artilharia
O sangue
Nas botas de Lorca
Lhe deixa na boca
Um gosto ruim
E Luzia
Num só desatino
Reclama ao divino
“Devolva, cretino,
O que o destino levou... de mim!”
A Roda do tempo gira
E seu cabelo de branco fere
A gira do tempo roda
Seu rosto em marcas de intempérie.
...................................
NUNCA MAIS SE ABRIU JANELA
NUMA MAIS NOITE DE ESTRELA
NUNCA MAIS BANDEIRA
ADEUS, ADEUS, MULHER FACEIRA
TEU SORRISO ERA FOGUEIRA
NO SEIO DA ESCURIDÃO
UM TIÇÃO QUE RELUZIA
DENTRO DO MEU CORAÇÃO
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
DESAPAREÇA
Quiercles Santana
Quero que alguém que me escuta agora
Essa canção sombria, cheia de rancor
Feito maldição, praga, imprecação,
Dose de veneno lhe aumente a dor.
Feito um punhal que lhe desoriente
Que chore no escuro, e que ranja os dentes
Que perca a cabeça
Que sofra, que morra,
Feito cobra cega que no chão rasteja
Como bicho doido que corre terreno
Gritando ao vazio no frio sereno
Que murche e seque,
Que caia e cegue,
Que se desvaneça
Que, enfim, enlouqueça
Que desapareça feito vapor
Que me esqueça e que me deixe só
Que não sinta dó de mim e vá
E fuja e suma e seja feliz
São e salvo desse meu desdém
E dos punhais letais de minha maldição
Que no mundo inteiro não
Não desejo a mais... ninguém
amais... ninguém
amar... ninguém.
Quero que alguém que me escuta agora
Essa canção sombria, cheia de rancor
Feito maldição, praga, imprecação,
Dose de veneno lhe aumente a dor.
Feito um punhal que lhe desoriente
Que chore no escuro, e que ranja os dentes
Que perca a cabeça
Que sofra, que morra,
Feito cobra cega que no chão rasteja
Como bicho doido que corre terreno
Gritando ao vazio no frio sereno
Que murche e seque,
Que caia e cegue,
Que se desvaneça
Que, enfim, enlouqueça
Que desapareça feito vapor
Que me esqueça e que me deixe só
Que não sinta dó de mim e vá
E fuja e suma e seja feliz
São e salvo desse meu desdém
E dos punhais letais de minha maldição
Que no mundo inteiro não
Não desejo a mais... ninguém
amais... ninguém
amar... ninguém.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
ZAMBIOLA - Sesc Piedade
"O vaso dá uma forma ao vazio e a música ao silêncio."
Georges Braque
“Poesia é quando uma emoção encontra seu pensamento e o pensamento encontra palavras."
Robert Frost
Georges Braque
“Poesia é quando uma emoção encontra seu pensamento e o pensamento encontra palavras."
Robert Frost
NESTE DOMINGO
DIA 09 DE AGOSTO. 19h.
A POESIA VAI BATER À SUA PORTA
DIA 09 DE AGOSTO. 19h.
A POESIA VAI BATER À SUA PORTA
NO SESC PIEDADE
Jaboatão dos Guararapes-PE.
Jaboatão dos Guararapes-PE.
Maiores informações:
Fones: 8708 2276 / 8632 4571 / 9292 2707
Fones: 8708 2276 / 8632 4571 / 9292 2707
Divulgue este evento. Visite nosso blog. Participe.
http://grupozambiola.blogspot.com/
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terça-feira, 14 de julho de 2009
A COR DA ROMÃ
Quiercles Santana
Qual a cor da romã?
E o cheiro do café?
E a delicia que é
Beijar as manhãs
Com pés despidos
Sem meias de lã
Onde vai o meu clã?
Vai pedir um axé
Pois que nem São Tomé
Com as mãos de artesã
Precisamos tocar pra ver se é...
Se é vermelho o aroma do bordô
Qual tintura há no beijo da mulher
Se há perfumes no rosto de flozô
Que desejos no peito de quem quer
E o cheiro do café?
E a delicia que é
Beijar as manhãs
Com pés despidos
Sem meias de lã
Onde vai o meu clã?
Vai pedir um axé
Pois que nem São Tomé
Com as mãos de artesã
Precisamos tocar pra ver se é...
Se é vermelho o aroma do bordô
Qual tintura há no beijo da mulher
Se há perfumes no rosto de flozô
Que desejos no peito de quem quer
É que eu hoje sou feito
Dos recortes das lembranças
Das palavras que cantadas
Retalhavam o véu do vento
AS CORDAS DA VIOLA SÃO PUNHAIS DE AÇO, MEU SENHOR
QUE RECORTAM MEU PEITO EM ESPIRAIS DE TEMPO
AROMAS E CORES NUM SEGUNDO, LINDA-FLOR,
SÃO A LIRA, A TELA E O SABOR DE DENTRO
segunda-feira, 25 de maio de 2009
ZAMBIOLA no SÃO JOÃO do RECIFE
dia 22/06/2009
às 0h00
no PÁTIO DE SÃO PEDRO
o Grupo ZAMBIOLA apresenta o show
ESTRELA MIÚDA, um tributo a João do Vale
quarta-feira, 15 de abril de 2009
...
COMO NASCE UM ZAMBIOLA
Na casa de número 157 da Rua Barolandia, no Alto Santa Isabel, Bairro de Casa Amarela, há nove anos, nascia o “Cadê o Sanfoneiro?”, grupo de forró de rabeca, que fez festa tocando em vários palcos alternativos da cidade do Recife.
Num período de 05 anos o grupo foi várias vezes convidado a participar da Forrovioca (projeto itinerante da Prefeitura da Cidade do Recife); do Domingo do Aláfia, no município de Goiana; das calouradas nas universidades Federal e Rural de Pernambuco; da “Terça Negra”; dos palcos juninos no Pátio de São Pedro e no Sítio da Trindade; da programação da Sala de Reboco e da Esquina 341; do Forró do Arlindo dos 8 Baixos, em Dois Unidos; dentre tantos outros espaços e casas de shows.
A pesquisa em torno do que a Poesia e a Música Popular Nordestina haviam produzido de melhor ao longo do séc. XX foi o que balizou a vida do grupo nos primeiros anos de formação: Luiz Gonzaga, João do Vale, Jackson do Pandeiro, Vital Farias, Elomar, Ednardo, Flaviola, Patativa do Assaré, Trio Nordestino, Ivanildo Vilanova, Mestre Ambrosio, etc.
O importante naquele momento era se experimentar nessa tradição, nela se largar, descobri-la, busca-la com vontade, com ímpeto, saboreá-la, promove-la, ergue-la como bandeira, bebe-la como água, devora-la como alimento, perceber a sua força, senti-la, ouvir o seu coração, mergulhar em sua alma, seu âmago, tocar em suas cores e texturas profundas, ama-la como a um segredo.
E de súbito já não era só forró o que cantávamos. Era também côco e ciranda e repente.
E de repente não tínhamos mais somente os poetas populares e os cordéis por companhia. Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Ezra Pound, Cora Coralina, Manoel de Barros, Carlos Pena Filho, Garcia Lorca, Gustavo Corção, Antônio Vieira, Mario Quitana, Jorge Luis Borges, Vinicius de Morais, apareceram.
E com os cantores de tradição e raiz nordestinas se fundiram, na nossa alquimia, outros nomes, como Chico Buarque, Chico César, Zeca Baleiro, Egberto Gismonti, Madredeus e Silvio Rodrigues; outros estilos, tão aparentemente díspares, como o blue e o baião, o flamenco e a capoeira.
E aí, aos poucos, fomos apagando algumas fronteiras, misturando elementos. E aí foi chegando também essa vontade doida (e doída) de compor as primeiras canções, os primeiros passos na construção de melodias, as letras iniciais, trôpegas, inseguras, insones, mas já apontando caminhos.
Havia uma certa fome, um apetite generalizado no grupo pelo poético, pelo que havia de universal no particular e de particular no universal. Era preciso desvendar esses enigmas, sabendo já de antemão que isso nos levaria muito longe, sim, mas não nos faria satisfeitos jamais; compreendíamos já ali que uma curva do caminho chamava outra curva e que uma estrada não termina nunca, nem quando se engancha e se confunde com outra.
Há dois anos, então, veio a necessidade de dar outro nome ao grupo, porque outra face, outro estilo, uma outra vida se impunha e pedia passagem em meio às nossas tempestades. “Cadê o Sanfoneiro?” indagava algo que já não éramos.
Rebatizamo-nos primeiramente para Andarilho & Zambiola; depois ficou apenas Zambiola, um neologismo, uma brincadeira com as palavras “Zabumba” e “Viola”, forma de dizer que percussão e cordas formam o eixo-central de nosso trabalho de pesquisa.
E aí vieram as temporadas no SESC, no Centro de Pesquisa Teatral do Recife, na Compassos Cia. de Danças. E vieram as apresentações na Livraria Cultura, no Espaço Passárgada, em Paudalho, na Praça da República, etc. E veio também o convite para fazer a trilha sonora do longa-metragem “Davi Andante”, de Taciana Oliveira. E a reboque de tudo, veio ainda o desejo de gravar o primeiro CD, registro inicial dessa fase nova, com letras compostas pelos integrantes do grupo, fruto do trabalho desenvolvido ao longo de quase uma década de existência.
Tudo isso sem esquecer que na veia circula o sangue musical de tantos nomes outros de cantores, compositores, poetas e grupos, que vieram antes de nós, que fizeram História, e que avivam a chama de nossa curiosidade e vontade de seguir adiante… sempre.
Na casa de número 157 da Rua Barolandia, no Alto Santa Isabel, Bairro de Casa Amarela, há nove anos, nascia o “Cadê o Sanfoneiro?”, grupo de forró de rabeca, que fez festa tocando em vários palcos alternativos da cidade do Recife.
Num período de 05 anos o grupo foi várias vezes convidado a participar da Forrovioca (projeto itinerante da Prefeitura da Cidade do Recife); do Domingo do Aláfia, no município de Goiana; das calouradas nas universidades Federal e Rural de Pernambuco; da “Terça Negra”; dos palcos juninos no Pátio de São Pedro e no Sítio da Trindade; da programação da Sala de Reboco e da Esquina 341; do Forró do Arlindo dos 8 Baixos, em Dois Unidos; dentre tantos outros espaços e casas de shows.
A pesquisa em torno do que a Poesia e a Música Popular Nordestina haviam produzido de melhor ao longo do séc. XX foi o que balizou a vida do grupo nos primeiros anos de formação: Luiz Gonzaga, João do Vale, Jackson do Pandeiro, Vital Farias, Elomar, Ednardo, Flaviola, Patativa do Assaré, Trio Nordestino, Ivanildo Vilanova, Mestre Ambrosio, etc.
O importante naquele momento era se experimentar nessa tradição, nela se largar, descobri-la, busca-la com vontade, com ímpeto, saboreá-la, promove-la, ergue-la como bandeira, bebe-la como água, devora-la como alimento, perceber a sua força, senti-la, ouvir o seu coração, mergulhar em sua alma, seu âmago, tocar em suas cores e texturas profundas, ama-la como a um segredo.
E de súbito já não era só forró o que cantávamos. Era também côco e ciranda e repente.
E de repente não tínhamos mais somente os poetas populares e os cordéis por companhia. Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Ezra Pound, Cora Coralina, Manoel de Barros, Carlos Pena Filho, Garcia Lorca, Gustavo Corção, Antônio Vieira, Mario Quitana, Jorge Luis Borges, Vinicius de Morais, apareceram.
E com os cantores de tradição e raiz nordestinas se fundiram, na nossa alquimia, outros nomes, como Chico Buarque, Chico César, Zeca Baleiro, Egberto Gismonti, Madredeus e Silvio Rodrigues; outros estilos, tão aparentemente díspares, como o blue e o baião, o flamenco e a capoeira.
E aí, aos poucos, fomos apagando algumas fronteiras, misturando elementos. E aí foi chegando também essa vontade doida (e doída) de compor as primeiras canções, os primeiros passos na construção de melodias, as letras iniciais, trôpegas, inseguras, insones, mas já apontando caminhos.
Havia uma certa fome, um apetite generalizado no grupo pelo poético, pelo que havia de universal no particular e de particular no universal. Era preciso desvendar esses enigmas, sabendo já de antemão que isso nos levaria muito longe, sim, mas não nos faria satisfeitos jamais; compreendíamos já ali que uma curva do caminho chamava outra curva e que uma estrada não termina nunca, nem quando se engancha e se confunde com outra.
Há dois anos, então, veio a necessidade de dar outro nome ao grupo, porque outra face, outro estilo, uma outra vida se impunha e pedia passagem em meio às nossas tempestades. “Cadê o Sanfoneiro?” indagava algo que já não éramos.
Rebatizamo-nos primeiramente para Andarilho & Zambiola; depois ficou apenas Zambiola, um neologismo, uma brincadeira com as palavras “Zabumba” e “Viola”, forma de dizer que percussão e cordas formam o eixo-central de nosso trabalho de pesquisa.
E aí vieram as temporadas no SESC, no Centro de Pesquisa Teatral do Recife, na Compassos Cia. de Danças. E vieram as apresentações na Livraria Cultura, no Espaço Passárgada, em Paudalho, na Praça da República, etc. E veio também o convite para fazer a trilha sonora do longa-metragem “Davi Andante”, de Taciana Oliveira. E a reboque de tudo, veio ainda o desejo de gravar o primeiro CD, registro inicial dessa fase nova, com letras compostas pelos integrantes do grupo, fruto do trabalho desenvolvido ao longo de quase uma década de existência.
Tudo isso sem esquecer que na veia circula o sangue musical de tantos nomes outros de cantores, compositores, poetas e grupos, que vieram antes de nós, que fizeram História, e que avivam a chama de nossa curiosidade e vontade de seguir adiante… sempre.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Semana Manuel Bandeira
“E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
PRÓXIMA
SEGUNDA-FEIRA
DIA 13 DE ABRIL - 19h
tem
GRUPO ZAMBIOLA
NO PASÁRGADA
(Rua da União, 286, Boa Vista, Recife/PE)
ENTRADA GRATUITA
E mais MESA REDONDA “A Presença de Manuel Bandeira na Poesia Contemporânea” com Luzilá Gonçalves, Lourival Holanda e André Cervnisky.
SEMANA MANUEL BANDEIRA
ESPAÇO PASÁRGADA
DE 13 A 17 DE ABRIL 2009.
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar.”
PRÓXIMA
SEGUNDA-FEIRA
DIA 13 DE ABRIL - 19h
tem
GRUPO ZAMBIOLA
NO PASÁRGADA
(Rua da União, 286, Boa Vista, Recife/PE)
ENTRADA GRATUITA
E mais MESA REDONDA “A Presença de Manuel Bandeira na Poesia Contemporânea” com Luzilá Gonçalves, Lourival Holanda e André Cervnisky.
SEMANA MANUEL BANDEIRA
ESPAÇO PASÁRGADA
DE 13 A 17 DE ABRIL 2009.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
RETRATO CAMPESTRE
Havia na planície um passarinho,
Um pé de milho e uma mulher sentada.
E era só. Nenhum deles tinha nada
com o homem deitado no caminho.
O vento veio e pôs em desalinho
a cabeleira da mulher sentada
e despertou o homem lá na estrada
e fez canto nascer no passarinho.
O homem levantou-se e veio, olhando
a cabeleira da mulher voando
na calma da planície desolada.
Mas logo regressou ao seu caminho
deixando atrás um quieto passarinho,
um pé de milho e uma mulher sentada.
Um pé de milho e uma mulher sentada.
E era só. Nenhum deles tinha nada
com o homem deitado no caminho.
O vento veio e pôs em desalinho
a cabeleira da mulher sentada
e despertou o homem lá na estrada
e fez canto nascer no passarinho.
O homem levantou-se e veio, olhando
a cabeleira da mulher voando
na calma da planície desolada.
Mas logo regressou ao seu caminho
deixando atrás um quieto passarinho,
um pé de milho e uma mulher sentada.
Carlos Pena Filho
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Soneto oco
Carlos Pena Filho
Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
Carlos Pena Filho
Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Imagens Zambiola - Show A Estrada Temporada Compassos
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