quarta-feira, 15 de abril de 2009

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COMO NASCE UM ZAMBIOLA

Na casa de número 157 da Rua Barolandia, no Alto Santa Isabel, Bairro de Casa Amarela, há nove anos, nascia o “Cadê o Sanfoneiro?”, grupo de forró de rabeca, que fez festa tocando em vários palcos alternativos da cidade do Recife.
Num período de 05 anos o grupo foi várias vezes convidado a participar da Forrovioca (projeto itinerante da Prefeitura da Cidade do Recife); do Domingo do Aláfia, no município de Goiana; das calouradas nas universidades Federal e Rural de Pernambuco; da “Terça Negra”; dos palcos juninos no Pátio de São Pedro e no Sítio da Trindade; da programação da Sala de Reboco e da Esquina 341; do Forró do Arlindo dos 8 Baixos, em Dois Unidos; dentre tantos outros espaços e casas de shows.
A pesquisa em torno do que a Poesia e a Música Popular Nordestina haviam produzido de melhor ao longo do séc. XX foi o que balizou a vida do grupo nos primeiros anos de formação: Luiz Gonzaga, João do Vale, Jackson do Pandeiro, Vital Farias, Elomar, Ednardo, Flaviola, Patativa do Assaré, Trio Nordestino, Ivanildo Vilanova, Mestre Ambrosio, etc.
O importante naquele momento era se experimentar nessa tradição, nela se largar, descobri-la, busca-la com vontade, com ímpeto, saboreá-la, promove-la, ergue-la como bandeira, bebe-la como água, devora-la como alimento, perceber a sua força, senti-la, ouvir o seu coração, mergulhar em sua alma, seu âmago, tocar em suas cores e texturas profundas, ama-la como a um segredo.
E de súbito já não era só forró o que cantávamos. Era também côco e ciranda e repente.
E de repente não tínhamos mais somente os poetas populares e os cordéis por companhia. Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Ezra Pound, Cora Coralina, Manoel de Barros, Carlos Pena Filho, Garcia Lorca, Gustavo Corção, Antônio Vieira, Mario Quitana, Jorge Luis Borges, Vinicius de Morais, apareceram.
E com os cantores de tradição e raiz nordestinas se fundiram, na nossa alquimia, outros nomes, como Chico Buarque, Chico César, Zeca Baleiro, Egberto Gismonti, Madredeus e Silvio Rodrigues; outros estilos, tão aparentemente díspares, como o blue e o baião, o flamenco e a capoeira.
E aí, aos poucos, fomos apagando algumas fronteiras, misturando elementos. E aí foi chegando também essa vontade doida (e doída) de compor as primeiras canções, os primeiros passos na construção de melodias, as letras iniciais, trôpegas, inseguras, insones, mas já apontando caminhos.
Havia uma certa fome, um apetite generalizado no grupo pelo poético, pelo que havia de universal no particular e de particular no universal. Era preciso desvendar esses enigmas, sabendo já de antemão que isso nos levaria muito longe, sim, mas não nos faria satisfeitos jamais; compreendíamos já ali que uma curva do caminho chamava outra curva e que uma estrada não termina nunca, nem quando se engancha e se confunde com outra.
Há dois anos, então, veio a necessidade de dar outro nome ao grupo, porque outra face, outro estilo, uma outra vida se impunha e pedia passagem em meio às nossas tempestades. “Cadê o Sanfoneiro?” indagava algo que já não éramos.
Rebatizamo-nos primeiramente para Andarilho & Zambiola; depois ficou apenas Zambiola, um neologismo, uma brincadeira com as palavras “Zabumba” e “Viola”, forma de dizer que percussão e cordas formam o eixo-central de nosso trabalho de pesquisa.
E aí vieram as temporadas no SESC, no Centro de Pesquisa Teatral do Recife, na Compassos Cia. de Danças. E vieram as apresentações na Livraria Cultura, no Espaço Passárgada, em Paudalho, na Praça da República, etc. E veio também o convite para fazer a trilha sonora do longa-metragem “Davi Andante”, de Taciana Oliveira. E a reboque de tudo, veio ainda o desejo de gravar o primeiro CD, registro inicial dessa fase nova, com letras compostas pelos integrantes do grupo, fruto do trabalho desenvolvido ao longo de quase uma década de existência.
Tudo isso sem esquecer que na veia circula o sangue musical de tantos nomes outros de cantores, compositores, poetas e grupos, que vieram antes de nós, que fizeram História, e que avivam a chama de nossa curiosidade e vontade de seguir adiante… sempre.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Semana Manuel Bandeira

“E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar.”


PRÓXIMA
SEGUNDA-FEIRA
DIA 13 DE ABRIL - 19h
tem
GRUPO ZAMBIOLA
NO PASÁRGADA

(Rua da União, 286, Boa Vista, Recife/PE)
ENTRADA GRATUITA


E mais MESA REDONDA “A Presença de Manuel Bandeira na Poesia Contemporânea” com Luzilá Gonçalves, Lourival Holanda e André Cervnisky.

SEMANA MANUEL BANDEIRA
ESPAÇO PASÁRGADA
DE 13 A 17 DE ABRIL 2009.