sexta-feira, 28 de maio de 2010

NAMORAR

Quiercles Santana

Oh! Sim!
Retumba o baque no batuque do tambor
Que eu sou da ginga do repique e agogô
Tarol, pandeiro, djambê e caxixi!

Eu vim
De muito longe onde mora a lua cheia
De trás da pedra onde se esconde a sereia
Que noite e dia reclama amores cantando assim

Lá em cima do penedo
Quando cai a madrugada
Batucada toma conta
Povo indio vai dançar
E o guerreiro junto ao fogo
Lá no aceiro da mata
Esperando a cabrocha
A quem sonha namorar

terça-feira, 16 de março de 2010

ANDA LUZIA

Depois que a ultima chuva
Chorou no serrado
Com suas agulhas de vidro bordado
Acordou vida nova no velho sobrado
Abriu-se janela pro abraço do sol

E o sol manhecente de terra molhada
Dourou as cortinas do quarto manchadas
Tingiu cord e mel a mulher no lençol

E Luiza sorriu
Pois era Primavera
E a noite silente
Se fora pra longe
Quem sabe quem dera
Quisera brotassem
Novos amores em seu coração

E luzia pudesse aquietar sua alma
E escrever no caderno a falta constante
E cantar saudades na hora mais calma
E esquecer o poeta nas mãos do gigante...

ANDA LUZIA CANSADA
DE TANTO CHORAR A DOR
SEU POETA-CENTAURO
SUMIDO, PERDIDO
NUM FOGO DE ARTILHARIA

SANGUE TRANSBORDA DAS NOTAS
QUE FEREM AS CORDAS DE SEU VIOLÃO
E A ESPANHA INTEIRA RECLAMA
"LUZIA, INFLAMA SUA INSSURREIÇÃO!"

A roda do tempo gira
E seus cabelos de branco fere
E a gira do tempo roda
Seu rosto em marcas de intempérie

Nunca mais se abriu janelas
Nunca mais se ouviu estrelas
Nunca mais bandeira
Adeus, adeus, mulher faceira
Seu sorriso era fogueira
No seio da escuridão
Um tição que reluzia
Dentro de meu coração


Quiercles Santana

domingo, 14 de março de 2010

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A hóspede

Não precisas bater quando chegares.
Toma a chave de ferro que encontrares
sobre o pilar, ao lado da cancela,
e abre com elaa porta baixa, antiga e silenciosa.
Entra. Aí tens a poltrona, o livro, a rosa,
o cântaro de barro e o pão de trigo.
O cão amigo
pousará nos teus joelhos a cabeça.
Deixa que a noite, vagarosa, desça.
Cheiram à relva e sol, na arca e nos quartos,
os linhos fartos,e cheira a lar o azeite da candeia.
Dorme. Sonha. Desperta. Da colméia
nasce a manhã de mel contra a janela.
Fecha a cancela
e vai. Há sol nos frutos dos pomares.
Não olhes para trás quando tomares
o caminho sonâmbulo que desce.
Caminha - e esquece.

Guilherme de Almeida(1890-1969)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

EM NOVEMBRO TEM.....


TEMPORADA 2009



ESPERAMOS POR VOCÊ!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O GRITO DE ELINEUZA
Maurício Correa
Corpo sem vida chamado a rezar
Um morto vivo roubado do lar
Sou passarinho não posso voar
Perdi as penas, não sei onde está

Teu cão de guarda detesta pensar
Inconseqüente aprendeu odiar
Sou beija-flor e não sei cheirar
Não tem perfume pra se inalar

Tronco pesado mudei de lugar
Queimo de febre num forno de ar
Rodo na estrada de tantas que há
Carro é potente mais vai devagar

Recolho o lixo que tu vai gerar
Levo mil anos pra me degradar
Bota mais peso no barco que dá
Muito cuidado que vai afundar

Tanta doença uma vai me pegar
Conheço a cura mas tem que pagar
Não tenho luxo pra me consolar
Pouco me importa carinho lhe dar

Canto cigarra meu grito e penar
Louca formiga nem vai escutar
Encho a barriga não deixo faltar
Conto as costelas vou te devorar

Me dá dinheiro pra crise passar
Não tem emprego pra te sustentar
Não tem saída vou me rebelar
Conta nos dedos quem vai te apoiar

Põe tudo abaixo pra recomeçar
Morro de medo dele não gostar
Teu companheiro planeja matar
Olho no olho quem vai me ajudar?