segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O GRITO DE ELINEUZA
Maurício Correa
Corpo sem vida chamado a rezar
Um morto vivo roubado do lar
Sou passarinho não posso voar
Perdi as penas, não sei onde está

Teu cão de guarda detesta pensar
Inconseqüente aprendeu odiar
Sou beija-flor e não sei cheirar
Não tem perfume pra se inalar

Tronco pesado mudei de lugar
Queimo de febre num forno de ar
Rodo na estrada de tantas que há
Carro é potente mais vai devagar

Recolho o lixo que tu vai gerar
Levo mil anos pra me degradar
Bota mais peso no barco que dá
Muito cuidado que vai afundar

Tanta doença uma vai me pegar
Conheço a cura mas tem que pagar
Não tenho luxo pra me consolar
Pouco me importa carinho lhe dar

Canto cigarra meu grito e penar
Louca formiga nem vai escutar
Encho a barriga não deixo faltar
Conto as costelas vou te devorar

Me dá dinheiro pra crise passar
Não tem emprego pra te sustentar
Não tem saída vou me rebelar
Conta nos dedos quem vai te apoiar

Põe tudo abaixo pra recomeçar
Morro de medo dele não gostar
Teu companheiro planeja matar
Olho no olho quem vai me ajudar?

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